quarta-feira, 15 de julho de 2009

meiodia meianoite - André Deschamps

Meio-dia é a hora mais cruel.
Da manhã findou o frescor
Calor tórrido claro céu
Arrefeceu na alma o amor.

Não temerei o seu mal?

No ar o fétido odor
Do vômito é o alerta:
É esta a hora certa
De ir além do Bojador.

Foi ao meio-dia que descobri então
Que tinha uma pedra no meio do meu coração.

Meia-noite é a hora mais cruel.
Sono do corpo, clamor do céu.
Vigiai, vigiai, por que dormis?
Fantasmas se levantam
Levantam-se como sonhos
Como sonhos em meu ouvido
Em meu ouvido uivando
Uivando e turvando
O hoje e o ontem
O ontem e o amanhã
O amanhã é a manhã
A manhã é o meu início
O meu fim é o meu início.

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