domingo, 11 de abril de 2010

há um muro



Há um muro –
– Não o vês? –
Em meus olhos,
Em minhas palavras,
Em meus gestos.

Eu não os entendo.
Seus bailes, seus bares,
Suas batidas sem melodia,
A escola de suas vidas.

Eles não me entendem.
Meus sonhos, meus atos,
Meus medos, minha poesia,
A história de minha vida.

Mas, como disse o Murilo,
Todos – nós e eles –
Temos uma chaga aberta.
E ninguém sabe cuidar
Da chaga aberta.

Eu sei, Jesus, – e creio –
Que tua chaga aberta
Derrubou as muralhas
Arrancou as mortalhas.
Eu sei.
Mas o que estou procurando
Eu ainda não encontrei.

André Deschamps

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